Capela São José - Travessão Cerro Largo
Padroeiro
São José
Demais santos presentes na igreja
Santa Lúcia e Nossa Senhora Assunta ao Céu
Sagra festiva
Anualmente em novembro, em honra a Santa Lúcia
e Nossa Senhora Assunta ao Céu.
O Travessão Cerro Largo, localizado a onze
quilômetros do centro de Nova Pádua, integra a área
denominada de Novo Território da antiga Colônia
Caxias. Suas terras passaram a ser ocupadas por volta
de 1885, sendo composto por 27 lotes rurais, em um
terreno de altos montes que se estende até as margens
do Rio das Antas. Seu nome é em decorrência
de acidente geográfico, já que as colônias pareciam
um “paredão largo”. No dicionário a palavra cerro significa
“uma elevação pedregosa e íngreme”.
Como o sistema de colonização empregado
pelo governo brasileiro colocava os imigrantes em
lotes rurais e não em pequenos povoados, como na
Itália, os moradores logo sentiam a necessidade de
formar um centro-social, um local em torno de uma
capela para convívio. Por isso, os moradores de cada
travessão sentiam-se obrigados a construir seu pequeno
templo. E isso não foi diferente no Travessão
Cerro Largo. Gema Menegat Tonet em seu livro ‘Nova
Pádua, História das escolas - viagem no tempo’ (2012,
p. 94), cita que “essa comunidade enfrentou muitas
provações devido à distância entre Flores da Cunha
e a paróquia de Nova Pádua. (...)Talvez tenha sido o
motivo de que, dessa comunidade, surgiram
muitas vocações religiosas e vários
professores”.
Uma igreja em madeira foi edificada,
no lote rural número 8, em terras doadas
por Pedro Smiderle. Entretanto, essa
igreja teria sido derrubada por um vendaval.
Segundo Galioto (1992, p. 119), uma
licença da Cúria de Porto Alegre, datada
de 14 de abril de 1918, autorizou a bênção
de uma nova igreja, também em madeira.
A igreja foi dedicada a São José, padroeiro
dos trabalhadores e localizava-se próximo
a atual, ladeada pelo cemitério e pela escola
da comunidade.
Em 28 de setembro de 1927, o
jornal La Staffetta Riograndense (p. 2) noticiou
a correspondência dos fabriqueiros
Carlo Smiderle e Pietro Marcante, informando
a chegada de um novo sino à comunidade.
“Nosso povoado está imensamente
satisfeito com a compra do novo
sino da premiada fundição de Giovanni
Bellini de Garibaldi. É um excelente sino
que não compete com quem vem de fora,
dizem todos os que ouvem”. Inicialmente
o sino foi instalado num campanário de
madeira próximo o cemitério. Depois foi
colocado sobre dois palanques mais próximo
da igreja antiga.
No final da década de 1940, a comunidade
do Cerro Largo iniciou a edificação
de sua igreja atual, em alvenaria.
O construtor chefe foi João De Bastiani
(Giovanni Antonio De Bastiani), conhecido
popularmente como Nani Fermo, que
construiu também os campanários das
igrejas matrizes de Flores da Cunha e Nova
Pádua e as igrejas dos travessões Alfredo
Chaves e Carvalho em Flores da Cunha;
Bonito, Mützel e Leonel em Nova Pádua
e os alicerces da igreja de Nova Roma do
Sul, entre outros imóveis. Todos os moradores
da comunidade colaboraram de al58
guma forma para a edificação do novo templo.
Até mesmo os meninos menores, que por não
conseguirem executar outras tarefas, ajudavam
na colocação dos tijolos.
A igreja em estilo gótico segue a linha
das demais construídas por Nani Fermo, sob
orientação da Cúria Diocesana. Anexo a mesma
foi construído um campanário onde foi colocado
o sino. A igreja conta uma sacristia em seu lado
direito. Em seu altar mor estão as imagens de
São José ao centro, Santa Lúcia, protetora dos
olhos, e Nossa Senhora Assunta ao Céu. Acima
da porta de entrada possui um coro elevado,
chamado de cantoria, onde estão colocadas diversas
samambaias e antigos objetos utilizados
na igreja, entre os quais os quadros da Via Sacra
antigos. Nas paredes laterais está disposta a Via
Sacra de 15 estações, adquirida por volta do ano
2000, por João De Carli. Dentre outros objetos
existentes no interior da igreja, destaca-se uma
cruz em madeira com símbolos relacionados a
crucificação de Jesus nela afixados. Foi usada
por muitos anos em época de Páscoa na realização
da Via Sacra. O piso de ladrilhos embeleza e
enobrece a nave central.
Sua fachada conta com um portal com
óculo arqueado e acima um vitral. Possui dois
bulbos laterais, sobrepostos por uma cruz cada,
assim como o campanário, e uma cruz central.
A igreja foi inaugurada oficialmente em 20 de
janeiro de 1952, com bênção realizada pelo
bispo Dom Henrique Gelain. A obra custou Cr$
80.000,00 [Oitenta mil Cruzeiros]. O Jornal Correio
Rio-Grandense noticiou: Festa em Serro
Largo, conforme segue:
Domingo, dia 20 de janeiro, foi solenemente
inaugurada a nova e artística Capela da alvenaria do
Travessão Serro Largo. Foi construída por reduzido grupo
de famílias: Afonso, Luís, Modesto e Pedro Smiderle,
José Calgaro, Carmine Baggio, A. Bresoline e Ilonorino
Marcante. A Capela é dedicada à Nossa Senhora das
Graças, São José e Santa Lúcia. Custou quase cem mil
cruzeiros. Às 10 horas, chegava D. Henrique Gelain,
acompanhado do Vigário Pe. Antônio Alessi. Aguardado
pelas autoridades e pelo povo, foi Sua Excia. saudado
pelo Prof. Júlio Alessi. Logo após, o Sr. Bispo começou
a bênção da Capela e a ereção da Via Sacra. Em seguida,
foi iniciada a Santa Missa cantada, finda a qual, S. Excia.
pronunciou um importante discurso, congratulando com o
Pe. Vigário, com os sócios e festeiros, Srs. Carlos Smidelle,
Francisco Calgaro e Honorino Marcante. Lembrou aos fiéis
que quem devia estar presente era a figura sempre lembrada
de D. José Baréa, há pouco, arrebatado pela morte.
D. Henrique, no entanto, como único Bispo Sagrado por D.
José, lá estava para, em seu nome, abençoar aquela Igreja
e aquele bom povo. Após o lauto banquete, foram abertos
os “envelopes, que continham as ofertas dos Padrinhos,
perfazendo” um total de Cr$ 7.361,00 [Sete mil, trezentos
e sessenta e um Cruzeiros]. Distinguiram-se o sr. Olivo
Smiderle, em primeiro lugar, com 505,00 cruzeiros; José
Fante; em segundo lugar, com 500,00 cruzeiros e em terceiro
lugar, Anéo Constamilan, com 400.00 cruzeiros. Cada
qual recebeu um lindo presente. E, assim, num ambiente
de regozijo e sã alegria, ao som dos maviosos acordes da
banda Sta. Cecília, a única sobrevivente em toda a zona
limítrofe, terminaram os festejos que tão grata recordação
deixaram em todos os presentes. Parabéns ao Sr. Vigário,
às famílias que tanto trabalharam e que tão belo exemplo
deram pelo seu espírito de fé e de sacrifício em prol da
nossa santa Religião. (Jornal Correio Rio-Grandense, de 6
de fevereiro de 1952, p. 3).
Dois anos após a inauguração da igreja,
em 1954, a comunidade passou a realizar uma
peregrinação com a imagem de Nossa Senhora
da Assunção, saindo da comunidade até a Igreja
Matriz de Nova Pádua. Em 12 de setembro de
1971 foi inaugurado e bento o novo salão paroquial,
que passou foi ampliado dez anos depois,
em 1981. “Para reforma do salão cada uma das
16 famílias colaborou com oito dias de trabalho
gratuito”. No mesmo ano, a comunidade inaugurou
a estrada “larga e bem traçada”. Em 1991,
o salão foi duplicado. O Travessão Cerro Largo é
conhecido como a ‘capital das bochas’, por ter
conquistado diversos títulos nessa modalidade
esportiva.
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Primeiros proprietários dos lotes rurais
do Travessão Cerro Largo
Conforme descrição no Livro Povoadores da
Colônia Caxias
Lote 1: Marco Rocco Bordignon
Lote 2: Antonio Cavasin
Lote 3: Giovanni Biaggio
Lote 3: Valentino Baggio (Livro Colônia Caxias:
Origens)
Lote 4: Valentino Bernardi
Lote 5: Antonio Ferlin
Lote 6: Irina Bernardi e Luigi Bernardi
Lote 7: Valentino Ferlin
Lote 8: Marco Bizzoto
Lote 9: Giacintho Squizzatto
Lote 10: Giuseppe Squizzatto
Lote 11: Francesco e Sunta De Grandi (Livro
povoadores Sunta veio junto com Francesco)
Lote 11: Sunta De Grande (Livro Colônia Caxias:
Origens)
Lote 12: Antonio Bernardi
Lote 13: Giuseppe Franchetti
Lote 14: Nada consta
Lote 15: Giuseppe Ravarena
Lote 16: Giuseppe Bernardi
Lote 17: Ettore Mire
Lote 18: Nada consta
Lote 19: Adelaide Fante
Lote 20: Nada consta
Lote 21: Carló Smiderle Primeiro e Francesco
Eberle
Lote 22: Antonio Casarotto
Lote 23: Angelo Berno
Lote 24: Maria Casarotto
Lote 25: Nada consta
Lote 26: Bortolo Marconte
Lote 27: Vicenzo Casanova